Há momentos na vida que a mais potente máquina fotográfica ou câmeras de vídeo de última geração não conseguem ser mais eficazes do que nossa memória e o que guardamos dentro de nosso coração.
Tudo começa numa sexta-feira pela tarde, quando sou acolhido, carinhosamente, na casa do padre que foi e continuará sendo, se Deus quiser, meu grande diretor espiritual...
Monsenhor Luiz Carlos, pároco da Paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista (SP), preparou um ambiente acolhedor na casa paroquial e dalí me preparou para uma missa em que seria enviado para o seminário.
Como forma de agradecimento, a comunidade se reuniu e me proporcionou uma belíssima homenagem... um grande incentivo para continuar dando meus passos rumo ao que Deus quer para mim.
Sábado, 29 de janeiro de 2011 - uma data que nunca sairá da minha mente. Nesta data, uma missa encerrou um ciclo da minha vida, para começar um outro.
Nesta data, percebi que estou no caminho certo - mesmo ainda não estando preparado...
Nesta data, percebi que sou amado e que também pude amar.
Fiz um compromisso comigo mesmo de não chorar durante as homenagens... que bom, que certos compromissos não precisamos levar tão á sério.
O cisco nos olhos já não era mais desculpa para as lágrimas que não paravam de cair.
Começou logo que ouvi as seguintes palavras: "Tio Rodrigo..." de uma coroinha. Ou quando vi um dos meus primeiros grandes amigos que fiz em Cachoeira (Michel) dizendo algumas palavras pra mim.
Era tudo parecendo um sonho... Eu, tão imperfeito e pecador, recebendo tantas homenagens e amor...
Gostaria de que todos estivessem presentes nessa missa... para conseguir me despedir de cada um, de forma especial... mas nem todos estiveram.
Enquanto estava no presbitério, ao lado do padre, os meus olhos percorriam toda a assembleia. Estava buscando rostos familares, com os quais convivi durante esses dois anos e meio.
Demorei, mas encontrei alguns no meio da multidão.
Sentados no primeiro banco, meus avós paternos e meus pais. Por toda a igreja, nos demais bancos, estavam lá pessoas que partilhei experiências, emoções, vidas...
Ao longo da Missa, antes de começar com as homenagens - carinhosamente organizadas pelo Michel e pela Marina (dois grandes amigos e irmãos) - ficava ainda percorrendo as pessoas com o olhar, em busca de dois rostos... a missa continou, as homenagens vieram, a emoção tomou conta de mim... a missa acabou, a convivência começou e homenagens continuaram, mas dois rostos estavam faltando no meio de todos os que já havia encontrado.
Um desses rostos até sei o motivo de não estar naquele dia, devido a uma série de fatores, mas ainda tinha esperança de encontrá-lo, como uma última surpresa daquela noite maravilhosa....
Já outros rostos não apareceram. Não sei o que ocorreu. Só sei que foi uma falta significativa... mas a vida é assim... pessoas vão e vem... assim como eu cheguei em Cachoeira e fui embora, deixando alí partes do meu coração que estão muito bem guardados por grandes amigos...